Recentemente, a Folha de São Paulo divulgou os resultados de uma pesquisa que indicam que o Brasil é o quarto maior mercado de games do mundo. Mas, parando para pensar um pouquinho sobre esses resultados, e as conclusões feitas pelo pessoal da Folha, vamos nos lembrar das sábias palavras de Yasuhiro Fukushima, presidente honorário da Square Enix. Essas palavras formam o título deste post.
Dois pontos nesta pesquisa são questionáveis: (1) Será que o potencial de crescimento do mercado de games no Brasil é tão grande? (2) Será que os dados dessa pesquisa são honestos?
O potencial de crescimento do nosso mercado de games é indiscutivelmente grande, e disso nem o senhor Fukushima discorda, mas algo não cheira bem nesses dados. Tomando como base apenas o número de jogadores que usam consoles (67% de 45,2 milhões de pessoas = 30,3 milhões de jogadores), e que temos 3,1 milhões de consoles de última geração (X360, PS3, Wii), podemos chutar que, por baixo, 27 milhões de console-gamers possuem um console que ou são tão antigos que não há jogos com alta disponibilidade ou têm um sistema que é altamente pirateável (PS1, PS2). Isso não é pouca coisa: pelo menos 90% de jogadores não estão prontos ou confiantes para adquirir as novidades que a próxima geração promete, já que os preços de consoles e dos jogos ainda são, muitas vezes, proibitivos. (não estou considerando aqui aqueles que irão adquirir seu primeiro console)
Quanto à honestidade dos dados da pesquisa, outra coisa também não cheira bem. Digo isso pois quem joga em consoles e em portáteis tem mais consciência do ato de jogar do que aqueles que possuem mais acesso à computadores e celulares. Dentre as pessoas que um dia já tiveram acesso a um computador, é pouquíssimo provável que elas nunca tenham jogado nada na vida, nem que tenha sido Paciência no Windows. Se aqueles 42% que usam computadores para jogar estão sendo honestos, estamos com um potencial muito maior nos PCs do que nos consoles, caso contrário, estamos mascarando um número ainda mais ínfimo de jogadores que realmente usam PCs como plataforma de jogos. Na verdade, a melhor interpretação que esse dado pode gerar é que temos 42% de jogadores que estarão dispostos a pagar algum valor com jogos de computador.
Concluindo, novamente digo que não duvido do nosso potencial. Apenas devemos ser mais cautelosos ao interpretar os dados de uma pesquisa, e não superestimar esse potencial. Ainda há muita coisa escondida nesses números que devemos investigar e levar em consideração: qual a plataforma preferida para homens e mulheres? Qual o peso dos jogos sociais? O número de consoles vendidos realmente reflete o número de jogadores?
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